Casos de bruxismo crescem em consultórios odontológicos
De acordo com os cirurgiões-dentistas e sócios do Ateliê Cangussu & Ferraz, Raphael Cangussu, Davi Ferraz e Danilo Ferraz, estresse e ansiedade são principais causadores do transtorno que afeta 40% da população brasileira
Muitas pessoas, em momentos ou períodos de estresse, desenvolvem certos hábitos para tentar ‘driblar’ a tensão: roer as unhas, balançar as pernas e mexer nos cabelos são exemplos. É preciso ter cuidado, porém, se a mania consistir em ranger ou apertar os dentes, visto que pode ser indicativo para o diagnóstico de bruxismo. O transtorno acomete 40% da população brasileira, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), e vêm crescendo em incidência nos consultórios odontológicos, como indicam os cirurgiões-dentistas e sócios do Ateliê Cangussu & Ferraz, Raphael Cangussu, Davi Ferraz e Danilo Ferraz. Alguns dos sintomas do bruxismo são dores de cabeça, no pescoço, na face e na região das têmporas, sendo algumas vezes confundida com outras condições de saúde. Raphael Cangussu, periodontista e implantodontista, explica que o aumento de casos de bruxismo nos últimos anos não é por acaso, já que o principal causador do transtorno é o estresse e a ansiedade. “Vivemos em um mundo cada vez mais ansiogênico, sobretudo pelo excesso de informações. O Brasil, por exemplo, foi apontado como o quarto país mais estressado do mundo no relatório global “World Mental Health Day 2024“, divulgado pelo Instituto Ipsos. Esse é um dos fatores para o aumento no caso de transtornos associados ao estresse, como o bruxismo”. De acordo com o dentista, há dois tipos de bruxismo: o noturno, durante o sono, e o diurno. Em ambos os casos, Raphael destaca o caráter automático e inconsciente da ação. “No caso do bruxismo durante o sono, o ranger dos dentes costuma acontecer durante alguns minutos, enquanto, ao longo do dia, as contrações podem se estender por horas e acontecem, normalmente, durante momentos de tensão ou concentração extrema”. Davi Ferraz, protesista e reabilitador oral, chama atenção ainda para fatores que aumentam o risco de desenvolver o transtorno, como consumo de álcool, nicotina e cafeína, além do mal alinhamento dos dentes, principalmente tratando-se das crianças. Em relação aos sintomas, o dentista destaca que vão além da dor na mandíbula e dentes. “Dores de cabeça, no pescoço e orelhas, insônia, sensibilidade dentária e dor ou desconforto na mandíbula e músculos da face são os principais sintomas”, disse Davi.
Na maioria das vezes, as pessoas que sofrem com o bruxismo não sabem que estão com o problema e buscam o dentista quando já estão sofrendo com os sintomas e suas consequências, afirma Danilo Ferraz, ortodontista e protesista. “É fundamental que as pessoas observem os sintomas e fiquem atentas a qualquer alteração para buscar ajuda profissional adequada e, assim, evitar as sequelas associadas, como desgaste dentário, fraturas dentárias e problemas de ATM (articulação temporomandibular)”, orienta o dentista. Segundo Danilo, apesar da condição não ter uma cura definitiva, existem tratamentos para amenizar os sintomas e a pressão e o desgaste causados pelas contrações, como o uso de placas miorrelaxantes – também conhecidas como placas de mordida. “Além disso, em alguns casos, podem ser indicados relaxantes musculares e aplicação de toxina botulínica, o botox, nos músculos da mandíbula para reduzir a força e atividade muscular. Como o transtorno está fortemente associado a questões emocionais, também pode ser recomendado psicoterapia e métodos de relaxamento para o paciente”, destaca Danilo.
Foto: Pixabay