Comandado por três mulheres, Os Mascarados consagra seu pioneirismo com suas rainhas

8 de fevereiro de 2024
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O bloco, 100% comandado por mulheres, coroa o casal Lan Lanh e Nanda Costa como rainhas de seu jubileu de prata

Ao coroar, nesta quinta-feira (8 de fevereiro), as rainhas Lan Lanh e Nanda Costa, o bloco Os Mascarados, que comemora 25 anos, estará, na verdade, consagrando seu próprio pioneirismo em matéria de empoderamento feminino no território do Carnaval de Salvador — tradicionalmente dominado por figuras masculinas, muito além do singelo Rei Momo. O bloco desfila, a partir das 21, no Circuito Dodô (Barra-Ondina). Fundado e dirigido por mulheres, o bloco é uma inspiradora exceção não apenas como contraponto à hegemonia dos abadás, mas também por ter as principais funções de comando nas mãos delas. “Ter uma Margareth Menezes como cantora principal não é nenhuma proeza. Mas aqui ela assumiu conosco também a gestão empresarial do bloco, o que é sim inovador. E isso em 1999, quando ninguém falava em empoderamento”, diz Jaqueline Azevedo, uma das empresárias que botou o bloco na rua. A história é razoavelmente conhecida: o bloco Os Mascarados foi criado para celebrar os 450 anos de Salvador promovendo a diversidade. Foram fundadoras as já citadas Margareth e Jaqueline (que continua à frente da agremiação), junto com Rosana Imbassahy. Hoje o comando é das produtoras culturais Selma Calabrich e Paula Resende, mas já esteve também sob responsabilidade da advogada Rita Martins.
“É uma coisa, uma trama de mulheres, bem que poderia se chamar As Mascaradas, mas somos modestas além de tudo”, brinca Paula, cujo trabalho à frente da produtora Pau Viola merece destaque.

Desfilando esse ano como convidada especial, a ministra da Cultura Margareth Menezes reconhece na aventura de viabilizar um bloco de carnaval uma experiência importante para o cargo que exerce atualmente. “Talvez pareça algo simples para quem só vê a farra, mas é extremamente complicada a gestão de um bloco”, afirma.
Sucesso junto à comunidade LGBTQIA+, Os Mascarados ajudou a recuperar o prazer da fantasia na folia soteropolitana. “Fizemos a quinta-feira ser um dia de liberdade e diversidade. Temos orgulho disso, pois mesmo no Carnaval os preconceitos e discriminações, o machismo e a homofobia infelizmente continuam vigentes. Também por isso é importante destacar que no nosso bloco o comando é feminino”, diz Selma, que também é diretora da escola Pracatum.
Desde o início, Os Mascarados abraçam campanhas de conscientização, como “Use Camisinha” e de combate à violência contra a mulher. Além de já ter nascido sem cordas, como hoje finalmente vem se tornando comum.
Esse ano, o bloco será conduzido, pela primeira vez, pelo cantor Jau, que está super animado para a estreia. Sim, um homem. Não há nenhuma contradição, afinal a reivindicação nunca foi por exclusividade, e sim por direitos iguais. “Ele é um grande parceiro e, juntos, faremos uma festa memorável para marcar nossos 25 anos”, celebra Selma. E conclui: “Bote sua fantasia e venha brincar com a gente”.