Crianças hiperconectadas: psicólogo alerta sobre os impactos do excesso de tela no desenvolvimento infantil

31 de julho de 2024
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A era digital trouxe inúmeros benefícios e facilidades para a vida cotidiana, mas também apresentou novos desafios, especialmente para a população infanto-juvenil. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil revelou que as crianças e adolescentes estão se conectando ao mundo digital cada vez mais cedo. Atualmente, 95% das pessoas entre 9 e 17 anos acessam a internet, sendo que a maioria utiliza o celular. Além disso, 24% dessas crianças começam a usar a internet antes dos seis anos de idade. Com o aumento alarmante do consumo de dispositivos eletrônicos e tecnológicos, como smartphones, tablets e computadores, cresce também a preocupação com o impacto do excesso de tela no desenvolvimento infantil. O psicólogo da Hapvida Notredame Intermédica, George Barbosa, alerta aos possíveis efeitos negativos dessa hiperconectividade. “Elas ficam privadas dos mais diversos estímulos, como déficit de atenção e problemas de aprendizagem, dificuldades de socialização, além dos riscos à saúde física, devido ao sedentarismo e más posturas”, sinaliza.

O profissional enfatiza a importância de estabelecer limites claros para o uso desses aparelhos, incentivando um equilíbrio saudável entre o tempo de tela e outras atividades. “Os pais devem criar rotinas que incluam momentos de leitura, práticas de esportes, brincadeiras ao ar livre e interação com a família. É fundamental promover um ambiente onde a tecnologia seja uma ferramenta complementar e não a principal forma de entretenimento”, afirma George, reforçando, ainda, que essas práticas ajudam a criança a retomar o convívio sadio familiar e a maturar seu repertório social. Para isso, o psicólogo recomenda que os pais sejam exemplos no uso moderado de dispositivos eletrônicos, estimulando a criatividade e o desenvolvimento global das crianças, mas, que, sobretudo, estejam atentos e saibam identificar nos pequeninos quando o uso demasiado de telas e redes sociais está afetando a sua saúde emocional. “Se a criança fica muito agitada utilizando o aparelho, faz muita birra ou se descontrola quando é obrigada a ficar sem celular, deixa de brincar com amigos para ficar sozinha conectada na internet, já são indícios de dependência digital”, pontua o especialista.

Movimento Desconecta
Criado por um grupo de mães como uma resposta às preocupações crescentes sobre os impactos negativos do uso excessivo de telas na saúde mental e física das crianças e adolescentes, a iniciativa sugere que os pais ou responsáveis estabeleçam um acordo com seus filhos para permitir o uso de celulares e o acesso às redes sociais somente a partir dos 14 anos. No entanto, de acordo com o psicólogo, o uso moderado desses dispositivos pode ser benéfico para as práticas ligadas ao conhecimento e aprendizado. “Há muitos vídeos interessantes e informativos. Contudo, os pais precisam analisar quanto tempo é viável para a garotada ficar consumindo os conteúdos e com qual intuito”, retifica George. “Sou a favor do uso recreativo e com limites”, completa.

Uso consciente
Para o psicólogo, o problema não é sobre a ferramenta e sim a forma como ela tem sido consumida pelo público kids e teens. Diversos jogos eletrônicos, por exemplo, ensinam às crianças sobre estratégia, noção espacial, outro idioma (inglês geralmente), coordenação motora para utilizar o campo de um personagem, e a depender do jogo, ainda podem aprender sobre a cultura de outro país. “Tenho pacientes autistas de três e quatro anos que aprenderam o alfabeto graças a vídeos de músicas que ensinavam em português e inglês. Elas aprenderam os dois idiomas e ainda se interessaram também pelas cores, números, animais etc”, celebra o profissional, reforçando que cabe ao adulto monitorar a relevância do que está sendo apresentado.

Foto: divulgação/canva