Exposição Trans Laerte, sobre a obra da cartunista Laerte Coutinho, acontece no MAC Bahia até 23 de fevereiro de 2025

19 de dezembro de 2024
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Composta de cartuns, tirinhas e charges, a mostra interativa, com entrada gratuita, propõe uma inserção no provocador universo da artista

A inédita exposição de artes visuais Trans Laerte, que apresenta a obra da cartunista Laerte Coutinho, entrou em cartaz no dia 13 de dezembro e segue até 23 de fevereiro de 2025, no Museu de Arte Contemporânea da Bahia – MAC, em Salvador. São cartuns, tirinhas e charges, em histórias de páginas únicas ou mais extensas, produzidos ao longo de mais de cinco décadas de trabalho de uma das cartunistas e chargistas mais importantes do Brasil. A mostra acontece de terça a domingo, das 10h às 20h, e tem entrada gratuita, sendo que a sua inauguração oficial ocorrerá no dia 12 de dezembro, às 19h, também aberta ao público. O projeto foi contemplado pelo Edital Funarte das Artes 2023 – Artes Visuais Marcantonio Vilaça e conta com realização da Somos Comunicação e da Via Press Comunicação. Na exposição, o humor gráfico e a qualidade narrativa da obra de Laerte são colocados em evidência por meio de três facetas principais da personalidade da artista: TRANSformadora, TRANSgressora e TRANSmidiática. Por seu caráter provocativo, atual e interativo, Trans Laerte tem o objetivo de propor aos visitantes uma reflexão sobre as principais pautas trabalhadas por Laerte durante a sua carreira. Uma imersão multissensorial na criatividade fascinante da cartunista e na forma original que ela utilizou para retratar o Brasil e o mundo. A mostra, que já passou por Brasília e Curitiba, oferece recortes de diversas fases da intensa produção de Laerte, desde a revista amadora Balão – da qual foi uma das fundadoras, no início da década de 1970 – até as suas histórias mais recentes. Quem assina a curadoria é Nobu Chinen, pesquisador e cientista do universo das histórias em quadrinhos, além de escritor de livros e artigos sobre a trajetória desse gênero narrativo no Brasil. Chinen usa como eixo curatorial a construção de um diálogo entre a obra de Laerte e as questões políticas, econômicas e sociais que têm marcado os cenários nacional e internacional. “É uma oportunidade rara de conhecer, rever e apreciar o talento dessa artista genial. De se inquietar com sua aguçada inteligência e sensibilidade e de se divertir com seu estilo de humor e ironia – aliás, nem sempre fina”, destaca o curador. Ainda na avaliação dele, que também é membro do Observatório de Histórias em Quadrinhos, “ninguém chegará à porta de saída da mesma maneira que entrou na exposição, pois algo da desafiadora e corajosa Laerte irá junto”. A arquiteta Ana Kalil, responsável pelo projeto expográfico, teve o desafio de condensar cerca de 400 trabalhos da cartunista. Para ela, “pensar em uma exposição sobre Laerte foi inquietante. Como trazer esse espírito revolucionário e livre para uma exposição? Como fazer com que os personagens “pulem” das histórias? Tudo foi feito com muito cuidado e alguma ousadia”. Entre esses trabalhos selecionados estão também os que se valem de um teor mais filosófico na abordagem da existência humana, uma vez que, a partir de 2005, Laerte abandonou a fórmula de humor com personagens fixos e passou a usar seu espaço no jornal Folha de São Paulo com questões sobre política, poder e relações interpessoais de modo geral.

Mais sobre a artista Laerte Coutinho:
Cartunista, ilustradora e roteirista. Ingressa no curso de jornalismo da Universidade de São Paulo (ECA/USP), em 1969. No ano seguinte, inicia a graduação em música na mesma instituição. Durante a universidade, cria, com o cartunista Luiz Gê (1951), a revista experimental Balão (1972). Em 1973, Laerte vence o 1º Salão de Humor de Piracicaba com um cartum que marca o início de seu engajamento político. Ainda na década de 70, colaborou com o jornal Gazeta Mercantil e passou a atuar ativamente na imprensa sindical. No final dos anos 1980, participa das revistas Chiclete com Banana, editada pelo cartunista Angeli (1956), e Geraldão, editada pelo cartunista Glauco (1957-2010); e cria, com Luiz Gê, a revista Circo. Colabora com importantes periódicos como O Pasquim, Revista Ovelha Negra, Placar, Gazeta Mercantil, Correio Braziliense, Zero Hora e Tribuna de Vitória. Em 1988, Laerte recebe prêmio como Melhor Roteirista Nacional no 1º HQ Mix e é uma das cartunistas mais premiadas nas artes gráficas brasileiras. Na década de 1990, atua como roteirista na Rede Globo, em programas como TV Pirata e Sai de Baixo. Em 1991, passa a colaborar semanalmente para a Folha de São Paulo. Em 1993, cria o personagem Hugo Baracchini, seu alter ego, como integrante dos Piratas do Tietê que, três anos mais tarde, estreia individualmente no caderno de Informática da Folha de São Paulo. Em 2004, inicia um processo de reflexão sobre sua identidade de gênero, que transforma profundamente sua produção, tornando-a mais engajada em questões de direitos humanos, gênero e sexualidade. Em 2009, assume sua transgeneridade e vincula-se a movimentos dedicados ao debate sobre o tema. Em 2012, junto com a advogada Márcia Rocha, a atriz Maitê Schneider e a psicanalista Letícia Lanz, funda a Associação Brasileira de Transgêneros (Abrat).

Mais sobre o curador Nobu Chinen:
Publicitário e professor universitário. Redator com ampla atuação em comunicação corporativa. Doutor em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. Pesquisador de histórias em quadrinhos. Membro do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP e da comissão organizadora do Troféu HQMIX. Instrutor de Oficinas de Quadrinhos para a Coordenadoria de Programação das Bibliotecas Municipais de São Paulo e de cursos de formação para docentes das DRE Penha e São Mateus, da Secretaria de Educação do Município de São Paulo. Autor e coautor de livros sobre quadrinhos, de design e de comunicação. Coorganizador das Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, na ECA-USP, e das Jornadas Temáticas de Histórias em Quadrinhos, na Unifesp, campus Guarulhos. Responsável pela criação, redação e acompanhamento gráfico de uma página semanal sobre histórias em quadrinhos, no jornal Valeparaibano, pioneira em seu gênero no Brasil. Colaborou com o site Universo HQ. Em 2013, apresentou a tese de doutorado “O papel do negro e o negro no papel: representação e representatividade dos afrodescendentes nos quadrinhos brasileiros”.

Serviço

Exposição Trans Laerte:
Dias: 13 de dezembro de 2024 a 23 de fevereiro de 2025 [de terça a domingo]
Horários: das 10h às 20h
Data de abertura: 12 de dezembro de 2024, às 19h
Local: Museu de Arte Contemporânea da Bahia – MAC [Rua da Graça, 284, Graça]
Entrada: gratuita
Classificação indicativa: livre
Instagram: @translaerte
Patrocínio: FUNARTE – Ministério da Cultura – Governo Federal
Realização: Somos Comunicação
Produção: Via Press Comunicação

Foto: divulgação