Mais de três mil cirurgias robóticas são realizadas na Bahia

27 de maio de 2023
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Brasil contabiliza 100 mil operações auxiliadas pelo robô Da Vinci

Mais de 100 mil procedimentos robóticos foram realizados no Brasil desde 2008, ano da primeira cirurgia auxiliada pelo robô Da Vinci no país. Na Bahia, a tecnologia só chegou em 2019 e, de lá para cá, mais de três mil pacientes optaram por esta modalidade cirúrgica. A expansão da tecnologia deve-se tanto ao aumento da oferta – atualmente há cerca de 100 plataformas robóticas instaladas em hospitais brasileiros, sendo quatro na Bahia – quanto às vantagens do procedimento minimamente invasivo, como maior precisão e segurança, decorrentes da visão tridimensional e filtro de movimento; menor tempo de internação e de recuperação do paciente, alta hospitalar mais rápida e menos cansaço da equipe envolvida na cirurgia.

As pinças articuladas do robô Da Vinci superam os movimentos realizados pela mão humana. A visão do cirurgião em três dimensões (3D) e a imagem em alta resolução (4K) é ampliada em 10 vezes. Por essas razões, o trauma cirúrgico promovido aos órgãos e tecidos é muito menor e a qualidade da dissecção é muito maior quando comparada a uma cirurgia convencional (aberta). Regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina, a cirurgia robótica requer um treinamento adequado do cirurgião antes de sua certificação e habilitação para operar e segue protocolos rígidos de segurança.

De acordo com o urologista baiano Frederico Mascarenhas, integrante do grupo URO+ Urologia Avançada e Cirurgia Robótica, o paciente submetido à cirurgia robótica, em geral, apresenta menor risco de infecções, menos complicações pós-cirúrgicas, menos sangramento, menor taxa de transfusão e cicatrizes menores. “No caso da cirurgia para tratar o câncer de próstata, outras duas vantagens importantes para o paciente merecem destaque: a recuperação precoce da continência urinária e a redução do tempo de retorno da função sexual no pós-cirúrgico”, enfatizou.

Mais segurança – Ainda segundo o especialista, chefe do serviço de urologia do Hospital São Rafael e da equipe de Cirurgia Robótica do Hospital Aliança (ambos da Rede D’or), durante uma cirurgia robótica, existem mecanismos de segurança que interrompem imediatamente os movimentos do robô caso o cirurgião se afaste do visor, o que diminui muito os riscos de falhas motoras e acidentes. O fato dos movimentos do robô serem intuitivos e não espelhados também reduz o risco de erros. “Um filtro de tremor impede que movimentos eventuais de vibração da mão do cirurgião sejam transmitidos ao paciente e exatamente por isso, como os braços do robô não tremem, o movimento das pinças é tão preciso”, explicou.

O robô Da Vinci é usado em procedimentos de prostatectomia (remoção da próstata); miomectomia uterina (remoção de miomas no útero); histerectomia total (remoção do útero); cirurgias de hérnia de hiato (quando parte do estômago avança em direção ao esôfago) e inguinal (na região da virilha); colecistectomia (remoção da vesícula biliar) e no tratamento de câncer na cabeça e/ou pescoço; cirurgia bariátrica, entre tantos outros. Historicamente, a urologia foi a especialidade que mais se apropriou da tecnologia desde seu lançamento e permanece na vanguarda da disseminação da técnica e conhecimento acerca do robô cirurgião.

Internacionalmente, o robô Da Vinci foi lançado no ano 2000. Ao longo dos anos, seu sistema passou por diversas revisões. Apesar do alto custo – o preço médio do modelo XI, o mais moderno, gira em torno de R$ 16 milhões, “a cirurgia robótica reduz gastos significativos para os sistemas de saúde, já que reduz o tempo de internação hospitalar, as taxas de infecção das feridas cirúrgicas e o uso de analgésicos no pós-operatório. Essa economia poderia por si só justificar a inserção desta modalidade cirúrgica no rol de procedimentos cobertos por planos de saúde e até mesmo no Sistema Único de Saúde (SUS), ainda inexistente”, completou Frederico Mascarenhas. Sem dúvida, este é um dos motivos pelos quais a tecnologia já assumiu protagonismo no tratamento de vários tipos de câncer em países da Europa e Estados Unidos.

“A competição, fruto da livre concorrência no mercado da cirurgia robótica, é salutar. Tanto que nos últimos 12 meses a chegada de dois novos fabricantes do robô cirurgião já começou a acirrar a concorrência”, frisou Frederico Mascarenhas. Com isso, é bem provável que, em breve, haja queda de preços na aquisição e manutenção da tecnologia e, consequentemente, a inclusão da cirurgia robótica no rol dos procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regulamenta os planos de saúde no Brasil.