Mutirão, caminhada e corrida vão marcar o Março Amarelo em Salvador

14 de março de 2024
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Ações do MovEndo buscam conscientizar a população sobre a Endometriose

Mutirão de consultas e exames na sede da Associação Bahiana de Medicina (ABM), caminhada e corrida na orla do Jardim de Alah, lives temáticas e uma sessão especial no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) estão entre as ações do Movimento Brasileiro de Conscientização da Endometriose (MovEndo) em Salvador ao longo do Março Amarelo. O objetivo maior é propagar a conscientização sobre a endometriose, seus sintomas e tratamentos. A doença, que afeta cerca de 8 milhões de mulheres no Brasil, pode causar dor intensa durante o ciclo menstrual, dor pélvica crônica e dificuldade para engravidar. Antecipar o diagnóstico e o início do tratamento é de fundamental importância para as pacientes. Por isso, a ação na sede da ABM (Rua Baependi, 162, Ondina) confirmada para o dia 23 de março (sábado), das 7 às 12h, tem como objetivo atender 200 mulheres com suspeita ou diagnóstico de endometriose. Além de participar de palestras com diversos especialistas e de receber camisas, panfletos e lanche, as mulheres selecionadas a partir de uma avaliação médica receberão vouchers para realização de exames (ultrassonografia e ressonância magnética) e de consultas com nutricionistas. Os procedimentos serão realizados gratuitamente em instituições parceiras: Hospital da Bahia e Clínicas ⁠Amo, Geus e Delfin. Todas as participantes terão acesso à aferição de pressão arterial e dosagem de glicemia capilar, oferecidas pelo Laboratório Jaime Cerqueira. As senhas para participar do mutirão foram entregues no dia 22 de fevereiro, das 9h às 16h, na ABM.

No sábado (30 de março), das 6 às 9h, para reforçar o Março Amarelo, o MovEndo vai realizar uma Caminhada (3 Km) e uma Corrida (5 Km) na orla do Jardim de Alah. O público-alvo, integrado por 300 pessoas, entre pacientes, familiares, médicos e apoiadores da causa, receberá camisa, kit lanche, hidratação e assessoria esportiva. A camisa será entregue no local do evento, mediante a doação de um quilo de alimento não perecível, que será destinado ao Lar Vida. A programação das lives temáticas e da sessão especial no TJ-BA será divulgada em breve. Este ano, a “madrinha” do MovEndo 2024 será a empresária e bailarina Catharina Paiva (34), que recebeu o diagnóstico de endometriose em 2020. Desde então, ela mudou radicalmente seus hábitos alimentares e não abre mão da prática regular de atividade física, conforme orientação de médicos e nutricionista. Além de se livrar das dores, o tratamento adequado lhe permitiu engravidar de dois filhos. “As ações de conscientização do MovEndo são muito importantes principalmente porque nós, mulheres, crescemos acolhendo dores como algo muito natural (…). Contudo, a dor é um indicativo de que algo está errado e de que precisamos procurar ajuda especializada”, resumiu.

Doença – De acordo com o cirurgião ginecológico especialista em endometriose, Marcos Travessa, diretor do Centro de Endometriose da Bahia e do núcleo de ginecologia do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR), a endometriose é uma condição médica complexa e dolorosa que ocorre quando o tecido que normalmente reveste o útero, conhecido como endométrio, cresce fora do útero. “Este tecido deslocado pode se fixar em outros órgãos pélvicos, como ovários, trompas de falópio e revestimento da pelve”, explicou. Os sintomas mais comuns são: dor pélvica intensa durante o ciclo menstrual, desconforto durante relações sexuais, dor ao urinar e problemas gastrointestinais. “O diagnóstico muitas vezes requer avaliação clínica; exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética; e, em alguns casos, laparoscopia, procedimento cirúrgico minimamente invasivo no qual um pequeno tubo é inserido na cavidade abdominal para visualizar e diagnosticar a extensão da endometriose”, afirmou Travessa. Para o tratamento da doença, podem ser indicados medicamentos que aliviam a dor e reduzem a inflamação, além de terapias hormonais que suprimem o crescimento do tecido endometrial fora do útero. Segundo a coloproctologista do IBCR, Gabrielli Tigre, em casos mais graves, a cirurgia é inevitável. “A cirurgia robótica, em especial, oferece uma abordagem menos invasiva, permitindo ao cirurgião maior precisão e controle durante a remoção do tecido endometrial excessivo. Suas vantagens incluem recuperação mais rápida, menor tempo de internação e cicatrizes menores, proporcionando uma opção eficaz e menos impactante para as mulheres que enfrentam a endometriose”, destacou a especialista em coloproctologia.

Sororidade – Mesmo antes de saber que tinha endometriose, a comunicadora Ivone Lemos (42) começou a entender os modos de tratamento da doença e decidiu não guardar para si suas descobertas. Para ajudar outras mulheres, ela se tornou voluntária da AMO Acalentar – Associação Ministério Nacional e Universal de Endometriose, Infertilidade e Dor Crônica do Brasil, em junho de 2022. Em setembro do mesmo ano, recebeu o título de Embaixadora da Acalentar na Bahia. “No dia a dia na AMO, ao realizar entrevistas com especialistas, percebi que eu também tinha sintomas semelhantes. Como eu, muitas mulheres têm endometriose e não sabem disso”, pontuou. Para Ivone, a assistência às mulheres com endometriose ainda é muito negligenciada. “Muitos dizem que se trata de uma doença leve e de baixo impacto, mas infelizmente não é. Estão falando mais sobre a condição, mas ela ainda é pouco compreendida pela maioria das pessoas. Ainda ouço frases como ‘quando engravidar, passa’, mas quem tem a doença sabe que não é simples assim. Por isso, conscientizar as pessoas sobre o diagnóstico adequado e ágil é tão importante”, concluiu. A AMO Acalentar é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que promove o ensino, a pesquisa e a assistência à mulher portadora de endometriose, infertilidade e dor crônica.